A vontade de criar já na altura emergia no meu pensamento. Criar histórias sempre foi das coisas que mais frequentemente me ocupavam o pensamento durante os tempos livres e tinha até vários rabiscos escritos na altura. Porém, a técnica e o domínio da escrita criativa são coisas que se adquirem com formação, experiência e treino.
Hoje releio-os e noto claramente que o enriquecimento da escrita ainda não ia longe. No entanto, o gosto pela literatura e a vontade de fazer mais, por si só foram suficientes para dar o pontapé de saída nesta história que agora tenho o orgulho de vos apresentar.
Foi em Dezembro do ano de 2005, tinha 17 anos, que conheci Claire. (Este é o nome fictício que lhe dei na altura e que mantive talvez por nostalgia).
Os meu tios, Carlos Pedro e Isaura Brito, haviam-me recebido de bom grado para passar aquele natal. Coitados, mal pensavam no terror de adolescente que os esperava.
Depois de alguns dias sob a alçada daquelas duas personagens magníficas, não aguentei mais. Sair debaixo do olhar de qualquer pessoa e manter-me submisso a qualquer tipo de regras, nunca foi o meu forte. Sempre fui um puto rebelde. Acho que ainda hoje o sou. Talvez a palavra mais indicada para me descrever seja excecivamente independente…mas deixemos para outra altura.
Avisei a velha Isaura que ia ver alguns amigos que nas férias do verão costumava amealhar em Portugal. Ela sabia que era verídico e perante o meu ar determinado, quase arrogante, não teve como me impedir.
Sai de casa e apanhei o Bus em direcção a “Palletes”. Perdoem-me o nome, mas nem as paragens do metro de Lisboa eu consigo fixar.
Não sei como fiz nem como andei que vi tudo, mas amigos… ‘tá escasso’. Parei num café e pedi uma cerveja. Este meu gosto por sumo de cevada vem já de alguns anos atrás.
Na mesa do lado a senhora olhava-me, não sei até hoje se aquela cara era de atracção ou se estava a gozar com o puto à força toda. Enfim, por motivos de orgulho masculino vou apostar na primeira opção.
Eis que a senhora me sorri e puxa conversa. Pudera, com o “carradão” de vezes que olhei para aquela mulher meio abananado sem saber como abordar, acho que a coitada se sentiu na obrigação de me desembaraçar.
A princípio fiquei meio receptivo. A senhora não tinha o aspecto mais aceitável pela sociedade e a minha mentalidade (que dó do moço) não era das mais abertas. Afinal eu era irreverente, mas apenas um rapazola.
No entanto a personalidade meiga que lhe reconheci, tranquilizaram em parte a minha inquietação.
O assunto correu com bastante normalidade - logo comigo que de inibido não tinha nada. No entanto, deixem que vos conte, até hoje não consegui perceber nem metade daquela conversa de malucos.
Hoje releio-os e noto claramente que o enriquecimento da escrita ainda não ia longe. No entanto, o gosto pela literatura e a vontade de fazer mais, por si só foram suficientes para dar o pontapé de saída nesta história que agora tenho o orgulho de vos apresentar.
Foi em Dezembro do ano de 2005, tinha 17 anos, que conheci Claire. (Este é o nome fictício que lhe dei na altura e que mantive talvez por nostalgia).
Os meu tios, Carlos Pedro e Isaura Brito, haviam-me recebido de bom grado para passar aquele natal. Coitados, mal pensavam no terror de adolescente que os esperava.
Depois de alguns dias sob a alçada daquelas duas personagens magníficas, não aguentei mais. Sair debaixo do olhar de qualquer pessoa e manter-me submisso a qualquer tipo de regras, nunca foi o meu forte. Sempre fui um puto rebelde. Acho que ainda hoje o sou. Talvez a palavra mais indicada para me descrever seja excecivamente independente…mas deixemos para outra altura.
Avisei a velha Isaura que ia ver alguns amigos que nas férias do verão costumava amealhar em Portugal. Ela sabia que era verídico e perante o meu ar determinado, quase arrogante, não teve como me impedir.
Sai de casa e apanhei o Bus em direcção a “Palletes”. Perdoem-me o nome, mas nem as paragens do metro de Lisboa eu consigo fixar.
Não sei como fiz nem como andei que vi tudo, mas amigos… ‘tá escasso’. Parei num café e pedi uma cerveja. Este meu gosto por sumo de cevada vem já de alguns anos atrás.
Na mesa do lado a senhora olhava-me, não sei até hoje se aquela cara era de atracção ou se estava a gozar com o puto à força toda. Enfim, por motivos de orgulho masculino vou apostar na primeira opção.
Eis que a senhora me sorri e puxa conversa. Pudera, com o “carradão” de vezes que olhei para aquela mulher meio abananado sem saber como abordar, acho que a coitada se sentiu na obrigação de me desembaraçar.
A princípio fiquei meio receptivo. A senhora não tinha o aspecto mais aceitável pela sociedade e a minha mentalidade (que dó do moço) não era das mais abertas. Afinal eu era irreverente, mas apenas um rapazola.
No entanto a personalidade meiga que lhe reconheci, tranquilizaram em parte a minha inquietação.
O assunto correu com bastante normalidade - logo comigo que de inibido não tinha nada. No entanto, deixem que vos conte, até hoje não consegui perceber nem metade daquela conversa de malucos.
Claire falava Francês e desenrascava as palavras que eu não compreendia em Espanhol. Eu tentei falar Francês, passei a falar Russo e acabei a falar Mandarim.
No meio daquela guerreia de cães, a principal mensagem foi transmitida com sucesso. Claire era prostituta. Ainda não tinham reparado? É pena. Eu tirei-lhe as medidas assim que olhei para ela.
Tenho quase a certeza que neste momento estão um pouco receptivos. Devem estar a pensar: “O puto é completamente abrasado”. Têm toda a razão. Não sei o que a minha mãe fez, que quando me pariu não me ofereceu nem pinga de sobriedade. Mas continuem a ler…
A mulher era simplesmente magnífica. Reparem só que, para um puto de dezassete anos que nem penugem tinha ainda dizer isto, é porque era mesmo bem feita. Aliás, descrevo-a pormenorizadamente no livro e não me dei ao luxo de alterar nada.
Ainda assim, o que me despertou a atenção na mulher não foi (apenas) a sua beleza física, mas principalmente a sua beleza interior. Até que para uma embalagem daquelas, o interior foi surpreendente.
Pronto, esta é a parte que vos expliquei no post anterior. Por vontade minha levaria aqui a esmiuçar o significado de cada palavra e o significado que está por trás de cada palavra, mais o significado que o aparente significado às vezes não deixa perceber...mas como sei que já estão todos a ganir de raiva, não me vou esticar mais com introduções.
Passemos à acção: Claire tinha saído da casa do pais ainda gaiata. Segundo ela, o pai meteu-a na rua. Esta parte não tive coragem de escrever, mas criei parte da vida de Rita inspirado nesta história. A parte dos pais, achei melhor substituir o desprezo como causa do destino desta personagem, pela morte dos pais, o que a forçou a seguir o mesmo caminho.
Segundo o relato da senhora, depois de sair de casa, foi trabalhar a dias e foi na casa da patroa que surgiu a oportunidade de se lançar como striper. Só mais tarde passaria a prostituir-se. O encanto que lhe encontrei, foi sobretudo quando me contou que com o que conseguia ganhar, pagou os estudos no ensino superior e conseguira formar-se. O canudo que tirou, servia-lhe, naquela altura, apenas para valorização pessoal, pois o trabalho que fazia permitia-lhe levar uma vida mais desafogada que qualquer outro.
Isto aconteceu há cerca de cinco anos e pouco, na Suíça Imaginem se a senhora vivesse no Portugal do Eng. Sócrates com o PEC (Programa Económico de Crescimento) chumbado, o governo demitido, a dependência do FMI/FEEF, sei lá com que treta de siglas aquilo se descreve agora e ainda uma taxa de desemprego a rondar os 11%. ‘Tadinha, borrava-se toda.” No entanto, compreendo-a. Olhe eu por exemplo: Hoje estou desempregado e gasto 100 euros/mês, até há uns meses atrás ganhava cercade 700 euros por mês e era precisamente essa quantia que eu gastava. Moral da história: Quanto mais temos, mas gastamos.
Bem, de facto a história impressionou-me. Senti naquele momento aquela necessidade enorme de passar tudo para o papel. O formigueiro começou a tomar-me a ponta dos dedos.
No meio daquela guerreia de cães, a principal mensagem foi transmitida com sucesso. Claire era prostituta. Ainda não tinham reparado? É pena. Eu tirei-lhe as medidas assim que olhei para ela.
Tenho quase a certeza que neste momento estão um pouco receptivos. Devem estar a pensar: “O puto é completamente abrasado”. Têm toda a razão. Não sei o que a minha mãe fez, que quando me pariu não me ofereceu nem pinga de sobriedade. Mas continuem a ler…
A mulher era simplesmente magnífica. Reparem só que, para um puto de dezassete anos que nem penugem tinha ainda dizer isto, é porque era mesmo bem feita. Aliás, descrevo-a pormenorizadamente no livro e não me dei ao luxo de alterar nada.
Ainda assim, o que me despertou a atenção na mulher não foi (apenas) a sua beleza física, mas principalmente a sua beleza interior. Até que para uma embalagem daquelas, o interior foi surpreendente.
Pronto, esta é a parte que vos expliquei no post anterior. Por vontade minha levaria aqui a esmiuçar o significado de cada palavra e o significado que está por trás de cada palavra, mais o significado que o aparente significado às vezes não deixa perceber...mas como sei que já estão todos a ganir de raiva, não me vou esticar mais com introduções.
Passemos à acção: Claire tinha saído da casa do pais ainda gaiata. Segundo ela, o pai meteu-a na rua. Esta parte não tive coragem de escrever, mas criei parte da vida de Rita inspirado nesta história. A parte dos pais, achei melhor substituir o desprezo como causa do destino desta personagem, pela morte dos pais, o que a forçou a seguir o mesmo caminho.
Segundo o relato da senhora, depois de sair de casa, foi trabalhar a dias e foi na casa da patroa que surgiu a oportunidade de se lançar como striper. Só mais tarde passaria a prostituir-se. O encanto que lhe encontrei, foi sobretudo quando me contou que com o que conseguia ganhar, pagou os estudos no ensino superior e conseguira formar-se. O canudo que tirou, servia-lhe, naquela altura, apenas para valorização pessoal, pois o trabalho que fazia permitia-lhe levar uma vida mais desafogada que qualquer outro.
Isto aconteceu há cerca de cinco anos e pouco, na Suíça Imaginem se a senhora vivesse no Portugal do Eng. Sócrates com o PEC (Programa Económico de Crescimento) chumbado, o governo demitido, a dependência do FMI/FEEF, sei lá com que treta de siglas aquilo se descreve agora e ainda uma taxa de desemprego a rondar os 11%. ‘Tadinha, borrava-se toda.” No entanto, compreendo-a. Olhe eu por exemplo: Hoje estou desempregado e gasto 100 euros/mês, até há uns meses atrás ganhava cercade 700 euros por mês e era precisamente essa quantia que eu gastava. Moral da história: Quanto mais temos, mas gastamos.
Bem, de facto a história impressionou-me. Senti naquele momento aquela necessidade enorme de passar tudo para o papel. O formigueiro começou a tomar-me a ponta dos dedos.
Pedi-lhe autorização para me inspirar naquela história caso me dessem oportunidade de publicar um dia. A senhora consentio de imediato, desde que não citasse o seu nome verdadeiro.
Quando cheguei a casa comecei logo a escrever…
Mentira!
Quando cheguei a casa comecei logo a escrever…
Mentira!
Primeiro descalcei os ténis, uma vez que a dona Isaura tem uma obsessão por limpezas e não permite que ninguém entre na sua casa com o calçado da rua. Não vá um verme mexer-lhe no rabo. De seguida fui lavar as mãos, trinquei um “manhanzito” com um copo de leite e só então comecei a escrever.
Foi naquele instante que fiz nascer o que hoje vocês conhecem por “Mulheres Coragem”. Inicialmente tinha como titulo (provisório) “Um Lugar Ao Sol”. Melhor dizendo, foi naquele instante que nasceu o capítulo IV desta história.
Durante a vossa leitura, certamente irão reparar que o enredo começa In Media Res e provavelmente não irão compreender a origem dos factos apresentados. Descansem, que eu sou meio queimado, mas ainda raciocino.
Pois bem. Esta transformação surge da necessidade de criação do autor (ou seja, eu, lindo esbelto e maravilhoso).
A determinada altura a história, que já seguia um rumo avançado, como poderão constatar no capítulo IV pela longevidade do mesmo e pela descrição, por vezes, um pouco maçuda. Não se aflijam. É um capítulo extremamente necessário, visto que é nele que entram dois personagens principais para o desfecho do enredo: Alexandre Vargas e Pedro, o rapaz negro.
Quando me refiro à necessidade de criação do autor, estou a tentar dizer que a determinado ponto da trama, senti necessidade de misturar aquela história inspirada em factos verídicos com a magia da ficção.
É nesse momento que, por uma necessidade de dar um ‘abanão’ na história, eu fiz nascer um prostíbulo ao qual chamei de sociedade “O Sonho da Dança”. Se estão recordados, Claire (a senhora com quem me cruzei na Suíça) era prostituta. Estava claro que lhe teria que arranjar um local de trabalho.
Ora tomando conhecimento do poder que, em tempos, as prostitutas exerceram sobre aqueles engravatados, (que dó do Sócrates se lhe passasse uma Claire pelas ventas…) e tendo em conta que, na minha opinião, a guerra do ultramar tem coisas muito mal explicadas, resolvi apostar na guerra encadeada com a mão das ditas senhoras pelo meio. E deixem que vos diga…diverti-me imenso com este pequeno/grande mundo que criei.
Bem…se estão à espera que a grafonola continue a tocar para saírem daqui com a história toda sabida, borraram a casaca toda. Não abro mais a boca.
Foi naquele instante que fiz nascer o que hoje vocês conhecem por “Mulheres Coragem”. Inicialmente tinha como titulo (provisório) “Um Lugar Ao Sol”. Melhor dizendo, foi naquele instante que nasceu o capítulo IV desta história.
Durante a vossa leitura, certamente irão reparar que o enredo começa In Media Res e provavelmente não irão compreender a origem dos factos apresentados. Descansem, que eu sou meio queimado, mas ainda raciocino.
Pois bem. Esta transformação surge da necessidade de criação do autor (ou seja, eu, lindo esbelto e maravilhoso).
A determinada altura a história, que já seguia um rumo avançado, como poderão constatar no capítulo IV pela longevidade do mesmo e pela descrição, por vezes, um pouco maçuda. Não se aflijam. É um capítulo extremamente necessário, visto que é nele que entram dois personagens principais para o desfecho do enredo: Alexandre Vargas e Pedro, o rapaz negro.
Quando me refiro à necessidade de criação do autor, estou a tentar dizer que a determinado ponto da trama, senti necessidade de misturar aquela história inspirada em factos verídicos com a magia da ficção.
É nesse momento que, por uma necessidade de dar um ‘abanão’ na história, eu fiz nascer um prostíbulo ao qual chamei de sociedade “O Sonho da Dança”. Se estão recordados, Claire (a senhora com quem me cruzei na Suíça) era prostituta. Estava claro que lhe teria que arranjar um local de trabalho.
Ora tomando conhecimento do poder que, em tempos, as prostitutas exerceram sobre aqueles engravatados, (que dó do Sócrates se lhe passasse uma Claire pelas ventas…) e tendo em conta que, na minha opinião, a guerra do ultramar tem coisas muito mal explicadas, resolvi apostar na guerra encadeada com a mão das ditas senhoras pelo meio. E deixem que vos diga…diverti-me imenso com este pequeno/grande mundo que criei.
Bem…se estão à espera que a grafonola continue a tocar para saírem daqui com a história toda sabida, borraram a casaca toda. Não abro mais a boca.
Só me resta desejar boas leituras, e que mergulhem neste livro tanto quanto eu.
Beijos e abraços e muitos palhaços.
Por: Miguel Brito de Oliveira